13. Vector, a capital do império


Albrook é uma pequena cidade fortificada. Basicamente se estende pelo litoral, até chegar ao porto, onde mercadorias chegam e partem diariamente. É dividida em duas partes, a parte alta, com hotéis e cafés e a parte baixa com o porto e lojas de armas e equipamentos.
Ao entrarem na cidade, foram surpreendidos por dois soldados com armaduras Magitek.
– Passem com naturalidade – resmungou Locke aos companheiros.
Todos passaram pelos soldados, Nash encarou um deles com um sorriso no rosto, porém o mesmo não foi retribuído.
– Que mau humor! – disse baixo ao passar por eles.

– Poderia nos indicar onde podemos passar a noite? – perguntou Celes a um jovem, logo na entrada da cidade.
– Olá! Sejam bem vindos! – saudou o jovem – seguindo o mar vocês podem encontrar um hotel. Subindo as escadarias, em frente à entrada do porto.
Olhando em volta, percebendo o grande fluxo de soldados Edgar perguntou o que acontecia na cidade.
– A algumas semanas os soldados chegaram e, desde então, esta cidade virou um caos! Os guardas controlam a entrada ao porto e o fluxo de comerciantes.
– Que absurdo! – disse o rei de Figaro incrédulo.
– Muito obrigada! – agradeceu a moça.
Se despediram do rapaz e seguiram o caminho descrito por ele.
Não andaram muito e Edgar ouviu música e cantoria em um bar, logo acima deles.
– Vou ver se descubro algo mais, podem seguir para o hotel.
Locke assentiu com um sorriso no rosto e Nash balançou a cabeça sem acreditar nas atitudes do irmão e seguiram para o hotel.

*****

Edgar voltou alguns metros até uma escada que tinha passado e subiu para a parte alta da cidade.
Ao abrir a porta do pub, o som da algazarra aumentou drasticamente. Seguiu para o balcão e pediu uma bebida.
– O que acontece aqui hoje? – perguntou ao balconista.
– Os soldados tomaram conta disto tudo! O velho balconista servia a bebida quando um rapaz ao lado completou:
– Loucos! É isso que estes soldados são!
Edgar não entendeu direito o motivo das reclamações até subir para o primeiro andar: toda a parte superior estava tomada por soldados! Alguns sentados, outros berrando para as garotas que dançavam no palco e outros ainda brigando entre si.
As garçonetes iam e vinham atendendo os pedidos que não cessariam tão cedo.
– Bem vindo! – uma das moças recepcionava Edgar – Mas você não é um deles, o que faz aqui?
– Só vim aqui para ver seu sorriso! – galanteou o jovem.
– O que tem aí?
– Não muito... – respondeu enterrando as mãos no bolso.
A moça se virou e foi atender uma mesa onde um dos soldados levantava algumas notas chamando a jovem.
Edgar respirou fundo e partiu dali, afinal não era uma boa ideia chamar a atenção dos soldados.
Pagou sua bebida ao senhor que lhe servira e deixou o bar para trás.
Prosseguiu através da cidade alta, de onde dava para ver bem o mar, ao cruzar uma ponte que passava sobre um rio, ele viu uma moça que, aparentemente, aguardava por alguém.
– Boa noite! – disse alegremente – Por um acaso, sabe em que direção fica Vector?
– Vector, fica no centro deste continente, ao norte de Albrook – disse secamente.
– Muito obrigado! – respondeu tentando ser o mais simpático que podia. "Depois dessa, vou dormir!" pensou consigo, partindo direto para o hotel.

*****

Nash acordou cedo.
Olhou em volta procurando pelos outros. O quarto estava vazio.
"Talvez não seja tão cedo assim".
Ao sair do quarto, viu seu irmão fazendo seu desjejum em uma mesinha no canto da sala principal do hotel.
– Bom dia.
– Bom dia! – respondeu Edgar com a boca cheia – senta aí.
– Onde estão Locke e Celes? – Nash preenchia seu pão com tudo o que estava ao seu alcance na mesa.
– Saíram cedinho para comprar alguns suprimentos.
– E ontem a noite? Descobriu algo?
– Bem, descobri que os soldados imperiais tomaram conta do bar para fazer uma festinha particular, quase pública, pois, aparentemente, tem mais soldados que cidadãos nesta cidade!
Neste momento entram Locke e Celes e sentam-se junto aos irmão na mesa.
– Sobrou algo? – perguntou Locke, admirado com o tamanho do lanche de Nash.
– Hum hum – Nash apontava com a mão, todo o conteúdo da mesa.
Edgar riu.
– Os mercadores daqui têm que subornar os soldados para conseguirem comercializar seus produtos – continuou Locke com um tom mais sério – Disseram que vamos encontrar armas em Maranda e Tzen.
– Além do mais, disseram-nos que estas cidades estão na mesma situação de Albrook, tomadas pelo império – prosseguiu Celes – Parece que existe algo de valioso a leste. Nos informaram que o império fez uma base lá e proibiu a aproximação de qualquer pessoa.
– Vamos partir então. Talvez consigamos chegar a Vector antes de anoitecer – disse o caçador de tesouros.
Enquanto acertavam a conta, Celes esperou por eles do lado de fora, onde conversou com um jovem estudioso.
– Sou um estudante de magia – disse o jovem –, as criaturas deste continente tem magia fraca.
Celes mostrou muito interesse pelo que o jovem falava.
– Durante a guerra dos espers, foram criados dois monstros a partir dos poderes dos Espers, as Armas Ultima –  prosseguiu o jovem.
– E elas... ainda vivem? – perguntou Celes curiosa.
– Uma delas morreu e foi transformada em uma espada... – respondeu um senhor que acompanhava o jovem – A outra continua viva, após 1000 anos, selada em algum lugar.
Quando os demais saíram do hotel, Celes se despediu, e partiram para Vector.
"Os levarei até lá, mas a partir dali estarão por sua conta". Locke se lembrara do que Setzer havia dito enquanto partiam da pequena cidade portuária.

*****

Chegaram à capital do império no auge do crepúsculo daquele dia.
O caminho não tinha sido longo, porém não tinha sido fácil, haviam caminhado o dia todo.
Vector era uma cidade bem fechada, havia poluição no ar, a qual deixava o céu mais vermelho do que qualquer por do sol poderia tingir naturalmente.
Um enorme complexo demonstrava o poder do império: além de algumas casas e lojas, havia o palácio imperial, um grande laboratório e o que parecia ser uma fábrica.
– Por onde começamos? – perguntou Nash enquanto analisava todo o complexo imperial.
– Vamos nos dividir – sugeriu Locke – para tentar pegar o maior número de informações sobre o que ocorre por aqui, então talvez possamos armar um plano.
Todos concordaram e partiram.

Celes adentrou ao hotel da cidade, pensou que poderia obter alguma informação útil por alí.
Havia um casal encostado no balcão, aparentemente aguardavam para serem atendidos.
– Acho que vou me alistar no exército – disse o homem à sua companheira.
– No mesmo exército que destruiu a nossa aldeia? – a moça parecia não acreditar no que ouvia – E a promessa de recomeçarmos felizes em Maranda?
A jovem ex-general começou a pensar em todas as lutas que havia travado e comandado a favor do império. Já fazia um tempo em que não parava para pensar em seu passado. O que havia feito? O que o império se tornou...
– ...moça? Posso ajudá-la? – o atendente a chamava. O casal já havia partido, só estavam ela e o balconista na sala.
– Não! Obrigada! Perdoe-me.
A jovem se retirou do saguão.

*****

Locke entrou na loja de armas.
A loja possuía diversas armas e equipamentos à mostra nas paredes e no balcão. O vendedor conversava com um jovem que estava encostado ao balcão – Por que a General Celes traiu o império? Não a entendo... – então interrompeu a conversa para saudar o recém chegado cliente – Boa noite!
– Boa noite! – respondeu o caçador de tesouros – Apenas gostaria de olhar o que você tem. Não se incomode!
– Fique à vontade! Qualquer dúvida, é só me chamar.
Locke manipulava os equipamentos enquanto tentava ouvir o que os dois conversavam.
– O diretor do setor de pesquisas, é um gênio! Ouvi dizer que deu ao filho de uma conhecida minha a capacidade de curar as pessoas com magia.
– Magia? – respondeu o vendedor.
Percebendo que ambos concordaram que seria uma boa ideia mudar de assunto, agradeceu e se retirou da loja.

*****

Nash seguiu adiante até próximo à escadaria que levava à parte alta da cidade, onde presenciou um grupo de soldados andando pelas ruas, talvez fazendo uma de suas rondas, quando uma dos soldados empurrou um senhor para tirá-lo do caminho, derrubando-o no chão como se fosse um objeto.
Correu até o senhor e se abaixou para ajudá-lo, enquanto o grupo subia as escadas rindo.
– O senhor está bem?
– Brutos dum raio... Estes soldados não tem respeito nenhum pelas pessoas! – resmungou o velho enquanto o jovem o ajudava a levantar.
Olhou para cima, além do grupo haviam diversos sentinelas observando a cidade do alto.
– Malditos! – seu punho tremia enquanto fechava-o.
– Esqueça filho – disse o velho – esse império faz o que quer de nós – e se retirou, deixando o jovem sozinho.

*****

Edgar seguiu para leste da cidade. Olhava para toda aquela estrutura e imaginava o que poderia ser criado ali.
– Aqui fica a entrada para a Fábrica de Armaduras do Império! A entrada é restrita! – disse um dos soldados que guardavam a entrada – Suma daqui!
O rei se virou e partiu "Foi mais fácil do que pensei" pensou com um sorriso no rosto enquanto passava ao lado de algumas caixas.
– Psst! Rei Edgar!
Edgar procurou a fonte do som. Andou mais um pouco e, após se certificar de que não estava sendo observado, se abaixou e rumou para trás das caixas.
Um velho chacoalhava o braço chamando-o em sua direção.
– Onde estão os outros?
O jovem rei se encheu de dúvidas.
– Não posso explicar agora! Sou um apoiante dos restauradores. Banon me mandou. Estou os acompanhando desde que entraram na cidade.
– Vamos nos reunir em breve – o nome de Banon trouxe confiança ao rei – Vou os encontrar e logo voltarei.
– Rápido!

Edgar rumou para a entrada da cidade, todos já estavam lá.
– Venham, encontrei uma forma de entrarmos!
O grupo seguiu o jovem sem hesitar.
Atrás das caixas, todos ouviam o velho atentamente.
– Querem entrar na fábrica de armaduras? Eu posso distrair os soldados enquanto vocês sobem por esta estrutura de ferro e entram lá dentro. Que acham? Não é uma boa ideia?
O rosto do ladino exprime uma grande dúvida em relação ao plano.
– Acompanho o cotidiano desses guardas já faz dois dias, jovem ladrão, confie em mim.
Locke já estava pronto para repreender o termo ladrão, mas percebeu que não adiantaria, além do mais, como o velho poderia saber das suas habilidade se não fosse confiável?
– Vamos!
O velho assentiu e saiu de trás da caixa pelo sul, para desviar a atenção do grupo.
Seguiu até os soldados fingindo uma grande dor no peito.
Quando captou a atenção dos guardas Locke foi o primeiro a subir, seguido por Celes, Nash e, por último, Edgar. Alcançaram a viga horizontal e rumaram para a entrada da fábrica. Quando estavam próximos ouviram os guardas zombando do velho. Até que o mesmo deu um grito de dor e caiu diante dos soldados. Edgar pensou ter visto o velho dar uma última olhada para eles.
Enquanto os três soldados se abaixaram para ver o estado do velho, o grupo desceu e avançou se escondendo na escuridão, já dentro dos portões.

*****

O interior da fábrica era enorme. Diversas esteiras levavam as armaduras de umas linha de montagem à outra.
– Com essa quantidade de armaduras o império será invencível! – constatou Locke boquiaberto.
– A produção está a todo vapor – disse a ex general – O imperador planeja algo.
Após um tempo explorando as linhas de montagem de Vector, ouviram a voz inconfundível de Kefka e se esconderam atrás de algumas caixa.
– Eu sou o todo poderoso! – o general puxava duas criaturas por uma corrente que estava presa em fortes grilhões, nos pulsos dos reféns  – Eu tenho Espers! Eu tenho Magia! E em breve as estátuas serão minhas! muahahahaha
Com um forte puxão, empurrou uma das criaturas para uma esteira que sumia no final da sala – Você já não tem mais puder nenhum, é inútil para mim!
– E você também não! – mal a primeira criatura sumiu no fundo da esteira, ele empurrou a próxima, que teve o mesmo destino da primeira.
Após ambas sumirem no fim da esteira, Kefka deixou aquele ambiente.
– O que eram aquelas criaturas? – perguntou Edgar.
– Espera... – respondeu Celes subindo na esteira e sumindo no fundo da sala.
– Vamos! – Locke olhou para os irmãos Figaro e subiu na esteira, sendo seguido por eles.
A esteira "despejava" seu conteúdo em uma sala repleta de destroços de equipamentos. Os três caíram no meio do lixo.
Celes já analisava de perto a criatura azulada, a primeira descartada por Kefka. – Ela está desacordada.
Quando se aproximaram sentiram um frio repentino.
Locke se aproximou da outra criatura e, ao tocá-lo, queimou sua mão.
– Ai!
A criatura abriu seus olhos, e atacou o ladino, levando-o ao chão.
Sua pele era parda, possuía grandes chifres em sua cabeça e pelos ruivos como fogo pelo corpo
Nash partiu para o ataque, enquanto Edgar correu para perto de Locke.
– Cuidado! – alertou – Seu golpe é muito quente!
– Quente? – urrou Nash – Vou mostrar o que é quente!
Edgar se voltou para o irmão que se preparava para o seu golpe "Dança de Fogo", e viu a criatura receber todos seus golpes.
– Isso só me fortalece criança – disse ao contra atacar o príncipe de Fígaro, mandando-o para próximo de Locke.
– Ele é imune a fogo – concluiu Edgar.
Então uma rajada de cristais de gelo golpearam o Esper assustando-o.
– Imune a fogo, hein? – Celes havia acabado de conjurar sua magia de gelo.
– Boa Celes! – gritou Locke, que já estava em pé auxiliando Nash.
Porém seu golpe irritou a criatura que investiu contra a ex-general, a qual  conseguiu esquivar rapidamente.
Aproveitando a oportunidade, Edgar o alvejou com suas flechas.
Locke se aproximava furtivamente com sua adaga quando sentiu um frio enorme penetrar suas pernas. Desesperado  com suas pernas congelando, olhou ao seu redor, sem entender o motivo daquilo tudo.
A outra criatura estava em pé, tinha a aparência de uma linda mulher, porém sua feição era gélida como seu poder.
– Ah!!! – o ladino berrou sem sentir suas pernas.
Celes a atacou com sua nova espada flamejante, acertando a criatura.
A mulher de gelo levantou rapidamente seus braços e um grande cristal de gelo se formou em volta de Celes, imobilizando-a em um grande esquife de gelo.
Os irmãos Fígaro estavam encurralados pela criatura com poder de fogo e Locke, desesperado ao ver a moça totalmente congelada, levantou seu punho e raios atingiram os dois inimigos.
Um silêncio tomou conta do lugar.
– Sinto uma alma gêmea – a gélida mulher falou –  Somos Espers!
– Ramuh os ajudou? – completou o senhor do fogo.
– Se ele confiou em vos, também nós o faremos... – continuou a mulher, que, com um gesto descongelou Celes – Meu nome é Shiva, e este é meu irmão Ifrit. Temos pouco tempo de vida...
Locke correu para acudir Celes, aliviado de sentir suas pernas novamente.
– Gesthal raptou vários de nós e está sugando-lhes todo o seu poder no Laboratório de Pesquisas – prosseguiu Ifrit – Foi de lá que viemos, depois de nos terem drenado toda a magia. Daremos-vos o nosso poder, como Ramuh fez, por favor, nos ajudem.
Então se transformam em magicites.
– Nossos amigos estão todos mortos e em breve também estaríamos... – a voz de Ifrit ecoava pela sala – Esta era a única atitude a tomar.
– Obrigado... – disse Locke quase inaudível.
– O que faremos agora? – perguntou Nash, ajeitando as ataduras em suas mãos.
– Iremos ao Laboratório que Ifrit mencionou – respondeu Locke, dando um frasco de poção para Celes tomar, enquanto se recuperava do congelamento.
– Será que vamos encontrar mais Espers hostis? – Edgar recolhia suas flechas espalhadas pela câmara.
– Acredito que sim – repondeu Celes –, o Império está drenando suas energias até que fiquem fracos demais, depois os descartam. É justificável que nos vejam como inimigos.
– Então vamos! – sugeriu Edgar – Eles não podemos perder tempo!
– Posso ficar com Ifrit? – perguntou Nash – Acredito que ele me ajudará a esquentar minha "Dança do Fogo"!
Locke entregou ao príncipe a magicite de Ifrit.
Saindo da sala, subiram diversos lances de escadas e chegaram a uma grande sala com diversos tubos, todos vazios.
Ao saírem por uma porta aos fundos, encontraram uma criatura que bloqueava a próxima porta. Esse humanóide era alto, possuia uma armadura que cobria seu peito e ombros, tinha um tom de pele azulado e portava uma espada em cada mão. Em sua mão havia uma marcação "Unidade 24".
– Deixe-nos passar – solicitou Edgar.
Nada.
– Ué – seu irmão já estava em posição de batalha.
A criatura não se moveu.
– Deixem comigo! – Nash partiu para cima da criatura.
– Cuidado – advertiu Celes.
O lutador tomou impulso e desferiu uma voadora no peito do inimigo, o humanoide cambaleou e desferiu um golpe com sua espada. Nash se esquivou rapidamente e desferiu sua técnica "Dança do Fogo".
O ataque não surtiu efeito.
– Celes, tente congelá-lo!
A moça já se concentrava para acionar sua mais de gelo, a qual conseguiu imobilizar seu braço direito.
Edgar não perdeu tempo, e com seu Crossbow, acertou seu braço, incapacitando-o.
A criatura emitiu um brilho azulado, e atacou Locke que estava mais próximo, acertando seu braço com a espada.
– Maldito! – berrou o ladrão – Seus braços são muito longos!
Celes desferiu outra rajada de gelo, porém, desta vez, não causou nenhum mal.
Todos recuaram por um momento sem entender a súbita resistência a magia de gelo.
– Então vamos na porrada  mesmo! –  disse Nash.
Esquivando dos golpes do inimigo, Nash conseguiu aproximar-se e acertar todos os golpes de seu Pummel, a técnica que havia derrotado Vargas, filho de seu mestre.
Após o golpe, houve um pequeno momento de espanto do inimigo, momento esse em que Locke, mesmo com seu braço esquerdo sangrando, dispôs e conseguiu cravar sua adaga nas costas de número 24.
Quando a criatura se virou para Locke, Nash aproveitou que seu inimigo lhe virara as costas, e, após pegar impulso, agarrou-o pelas costas e saltou para o alto, com seus braços segurando o inimigo pelas axilas com força. No meio do salto, o lutador virou seu inimigo de cabeça para baixo e o arremessou com força contra o chão.
Número 24 não se levantou mais.
Nash arfava tentando recuperar sei fôlego.
– Esse tempo que não permaneceu no reino serviu para algo, não? – caçoou o rei de Fígaro, estendendo a mão para levantar o irmão exausto, que, com um sorriso no rosto, aceitou a ajuda.
– Como está seu braço? – perguntou Celes a Locke.
– Não foi nada! Agh! – gemeu o ladino quando a moça segurou seu braço em suas mãos.
– Estou vendo! – a guerreira balançava sua cabeça incrédula com o orgulho de Locke.
– Apenas fique parado para eu poder te curar – continuou ao mesmo tempo em que conjurava uma magia de cura com sua mão direita, enquanto segurava o braço do amigo com a outra mão.
– Agora vamos seguir em frente – disse a ex general.
Todos assentiram e ao atravessarem a porta guardada pelo número 24, adentraram a um laboratório repleto de tubos, porém estes estavam cheios de um líquido estranho e cada um continha um esper.
– Esses são os Espers que Ifrit falou? – perguntou Nash.
– Acredito que sim – respondeu Celes – Como podemos retirá-los daí?
– Pessoal, encontrei essa alavanca! – Locke estava ao fundo do laboratório pronto para acionar a alavanca.
– Espere! – gritou Edgar, porém a alavanca já estava acionada.
Um barulho relativamente discreto chamou a atenção do grupo, o líquido que preenchia as cápsulas estava sendo drenado.
– Obrigado... mas já estamos quase mortos – a criatura mais próxima deles estava com uma aparência exausta, e sua voz estava fraca, mas ela tentava falar o mais alto possível para ser ouvida através das parede de vidro da cápsula – Vamos dar-vos o nosso poder tal como Ramuh, Ifrit e Shiva fizeram... Impeçam o império de continuar...
Então os espers se transformam em magicites dentro de suas cápsulas.
– O que pensam que estão fazendo? – um cientista irrompeu porta adentro – Onde estão os Espers?
Ele percorreu o laboratório olhando as estranhas pedras dentro dos vidros, ignorando por um momento a presença do grupo.
– Então era verdade... – o cientista estava absorto em seus pensamentos – Existia uma forma mais eficiente...
As cápsulas se trincaram e se quebraram, interrompendo o raciocínio do cientista, e as magicites espalharam-se aos pés do grupo.
– Professor Cid! – diz espantada Celes, enquanto Edgar, Nash e Locke recolhiam as magicites Unicórnio, Maduim, Catoblepas, Fantasma, Rubi e Bismark.
– Celes! Quem são essas pessoas? Soldados seus? – pergunta Cid espantado.
– Não... – a moça ficou sem jeito – Na verdade...
– Ouvi dizer que tinha tentado uma revolta. É verdade?
– Celes? – interrompeu Locke, confuso com a situação.
– Então é assim que eles se transformam em magicites? – todos na sala reconheceram a voz de Kefka, que entrava no laboratório – Incrível!
Uma expressão de espanto tomou conta do rosto do general ao ver as magicites nas mãos dos restauradores, porém um sorriso malicioso tomou conta de seus lábios.
– Celes! Muito obrigado! Como o combinado, você conseguiu! Agora, dê-me as magicites!
– Celes! – Locke não se conteve e olhou sério para a moça – Você nos traiu?
– Claro que não! Calma!
– Ela enganou a todos vocês! – Kefka percebe o sucesso de seu plano e prossegue rindo – Celes, você não muda mesmo, hein?!
Celes, não acreditando que tudo aquilo estava acontecendo, deu alguns passos para trás – Locke, por favor, acredite.
– Eu... – o ladino, muito confuso com a situação, não sabia o que pensar.
– Agora! – berrou Kefka e, mais do que depressa, entraram dois soldados Magitek – Mate-os!!!
Os soldados, com suas armaduras, investiram contra o grupo.
Cid, sabendo do poder de destruição que as armaduras tinham, deixou o laboratório rapidamente.

O grupo cai no chão, Celes olha para Locke, e, enquanto se levanta, diz para Locke – Deixe-me protegê-lo. Talvez assim acredite... – Então a ex-general se levanta e, parando em frente das grandes armaduras, juntando todo seu poder mágico, emite um brilho ofuscante.
– Celes, o que pensa que está fazendo? – berra o general espantado – Agarrem-na!
A ex-general consegue desvanecer, junto com as armaduras e Kefka.

– Celes... – suspirou Locke sem acreditar no que havia visto.
Então Cid entra no laboratório novamente – Para onde foram?
O chão começa a tremer.
– O meu Deus! O complexo está a colapsando! Ele dependia da energia dos espers também. Depressa! Por aqui!
Cid os leva para um elevador e, após apertar um botão desesperadamente, começam a descer.
Cid estava inconformado.
– O Kefka me usou. Usou o império. Que foi que eu fiz?
Andando para o outro lado.
– A vida dos Espers... sou um assassino.
Parou repentinamente e encarou o rei.
– Vou falar com o imperador e acabar com esta loucura.
Edgar concordou com a cabeça e olhou para seu irmão que levantou os ombros sem saber o que fazer.
– Eu conheço Celes desde bebê. Mas é graças a mim que ela é uma guerreira rúnica, uma assassina... Se ao menos ela pudessem me ouvir, talvez poderia lhe pedir desculpas...
O elevador havia chegado ao térreo.
– Não! Kefka é o culpado!
Cid aponta para um carrinho de mineração que estava parado no início da linha férrea.
– Vão! Esse carrinho os levarão para fora da fábrica.
–Mas e você? – perguntou Locke.
  Apenas vão! Vou direto para o palácio do Imperador!
E dito isto, puxou uma alavanca e o carrinho partiu, tomando velocidade rapidamente. Os três ainda olhavam o cientista aturdido, andando de um lado para o outro.
O carrinho de mina tomou uma velocidade estonteante.
  Como vamos parar isso? – gritou Edgar para ser ouvido.
– Vamos saber quando chegarmos ao final! – respondeu Locke, apontando para a frente, onde se via a luz da saída.
O fim do trilho se aproximava, eles puderam ver uma armadura magitek parada a uns 5 metros após o final do trilho.
– Pessoal, não sei se vai dar certo – Nash se posicionou a frente dos dois e soltou seu Aura Bolt contra a armadura.
– Não! – gritou Edgar, mas já era tarde.
O canhão de energia emitido por Nash acertou em cheio a armadura, que, com uma explosão, mandou o carrinho para trás arremessando os três para dentro da mina, sobre os trilhos.
– Paramos! – disse Nash se levantando e ajudando seu irmão a se levantar.
– Poderia ter sido pior – completou Locke massageando a lateral do seu corpo, que havia batido no trilho do trem.
– É sempre bom sermos discretos, não é? – Edgar, saindo com cuidado da mina, observava se a explosão havia chamado a atenção dos guardas.
Mas o pátio estava vazio.
Ao longe ouvia-se uma sirene.
– Pelo jeito todos foram ver o que ocorreu no laboratório – disse Locke – Vamos depressa!

Correram até a entrada de Vector.
Quando Setzer os viu, correu na direção do grupo.
– Já estava ficando preocupado! – disse o jogador – Onde está Celes?
A sirene cessou.
– Bem, falamos depois. – Locke olhava apreensivo para trás – Vamos sair daqui!

******

A bordo do Blackjack, Setzer levanta voo.
– Para onde vamos?
– Estou preocupado com Tina... – comentou Locke – Vamos voltar para Zozo.
– Tina? Quem é esta? – perguntou o piloto.
– Explico pelo caminho. Vou te contar tudo sobre a Tina, os espers e os restauradores...
– E Celes... – interrompeu Setzer.

*****

Então no último andar do prédio mais alto de Zozo, Tina permanecia inconsciente na cama, ainda em sua forma de Esper.
Haviam levado todas as Magicites com eles. "Vamos levá-las, pode ser que reajam a Tina, como ela reagiu ao Esper em Narshe", sugeriu Edgar antes de deixarem o aerobarco.
Locke se aproximou do leito da moça e segurou sua mão.
– Tina...
A jovem abre os olhos.
O núcleo rubro de uma Magicite na mão de Nash começa a emitir uma forte luz.
– Pai? – os cabelos da jovem recobravam sua coloração verde e ela voltou a sua forma humana.
– A minha memória finalmente voltou! Eu... eu nasci no mundo dos espers...

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