12. Apostas no barco voador
– Eu já volto Maria! – disse Setzer, após acomodar
Celes em um grande quarto de seu barco voador.
Quando o sequestrador da jovem deixou o quarto,
Locke surgiu de uma passagem que ligava aquele quarto à casa de máquinas, todo
sujo por se embrenhar no meio daquelas máquinas.
– Você estava ótima Celes! – o jovem ladino se
esforçava para conseguir escalar a divisória – Está bem?
– Sim! – respondeu a moça entre alegria em ver seus
amigos e curiosidade em saber como haviam chegado até alí – Aparentemente estou
melhor que você.
Locke se limpava resmungando com Edgar que surgia
logo após ele.
– Você tinha alguma ideia melhor? – perguntou o rei
mecânico acenando para Celes que sorria por ver que todos estavam ali.
– Onde Setzer está? – perguntou Locke enquanto
ajudava Nash a subir.
– Ele me trancou aqui. Disse que já voltava!
Antes da moça terminar sua fala, a porta se abriu
com um estrondo deixando entrar um Setzer espantado com a quantidade de gente
no quarto – Você não é a Maria? – perguntou ao ver os outros três homens ali.
– Setzer, precisamos de ajuda! – respondeu
rapidamente a ex-general – Temos que ir a Vector e só conseguiremos através de
sua nave.
– Não me interessa ajudar-lhes já que não é a
Maria. – disse o jogador se retirando – Sumam daqui!
Celes o
seguiu porta afora, seguida pelos demais. A porta ligava aquela sala a outra
onde era possível ver grande parte do maquinário que mantinha o barco voador no
céu. Edgar saiu de lá fascinado por toda aquela tecnologia.
– Espere! Disseram-me que esta nave era a melhor do
mundo! – começou a moça.
Finalmente chegaram a grande sala de jogos da nave.
Do andar de cima era possível ver as mesas de blackjack e uma roleta no centro
da sala. Certamente aquela sala ficava cheia em noite de jogos.
– Disseram também que você é o melhor jogador de
Balckjack do mundo! – completou o ladino.
Atravessando-a chegaram a sala do comandante, onde
Setzer se sentou em sua poltrona colocando seus pés em cima de sua mesa
particular de blackjack.
– Hum.. – pensou Setzer com o ego um pouco mais
elevado.
– Sim? – perguntou a moça esperançosa.
– Ainda não tenho certeza se vou ajudar. O império
me fez um homem rico! Vocês não podem me dar nada...
– Pare de pensar só em você! – repreendeu a moça –
O império está destruindo o mundo inteiro!
– O império vai usar magia para matar todas as
pessoas – completou Locke.
– Eu também era aliado do império, até que eles me
traíram – arriscou o rei.
– Nem você com sua nave poderá escapar deles –
prosseguiu Nash.
– O império? Maléfico? – perguntou o jogador.
– Todos nós odiamos o império – disse a jovem.
Setzer olhou profundamente nos olhos da moça.
– Sabe... – disse enfim – ainda é mais bela que a
Maria.
Celes ficou sem jeito.
– Se a Celes se casar comigo, eu ajudo vocês –
concluiu.
– O que? – Locke não se conteve e partindo para
cima de Setzer.
– Se é nossa única chance... – interrompeu a jovem
parando o ladino.
– Sim! – disse Setzer levantando-se – é isso mesmo!
– No entanto tenho uma proposta – disse Celes –
Vamos fazer uma aposta com uma moeda. Se eu ganhar você nos ajuda, senão eu
caso com você.
– Uau! Que mulher! Eu adoro apostas! – uma grande
satisfação tomou conta do jogador – Aceito!
Celes foi em direção a Edgar que lhe entregou uma
moeda, enquanto Locke se aproximou e sussurrou. – Você não pode fazer isso!
A guerreira deu uma piscadela para Locke e virou-se
para Setzer.
– Cara ganhamos, coroa você ganha – Edgar decidiu
as regras – De acordo?
Setzer acenou com a cabeça.
– Pronto? – perguntou Celes.
Celes posicionou o moeda sobre sua mão e, ao aceno
de Setzer, arremessou-a. A moeda rodopiou três vezes no ar e pousou sobre sua
mão direita que a depositou rapidamente na costa de sua mão esquerda.
Ao descobrir a moeda uma face foi revelada.
– Ganhamos! – vibrou a jovem – Agora cumpra a sua
promessa!
Setzer se aproximou e pegou a moeda. Com a
agilidade típica de um jogador, virou a moeda entre seus dedos passando-a sobre
cada um de deles, começando pelo indicador até o mindinho e depois retornou-a
até segurá-la entre o indicador e o polegar.
– Interessante! – riu o jogador – Uma moeda com
dois lados iguais.
Nash olhou para o jogador segurando a moeda em sua
mão e olhou para o seu irmão que tinha um sorriso no rosto, que se desfez ao
notar o olhar de Nash sobre si, e abaixou a cabeça sem jeito.
– Acho que alguém o enganou, senhor jogador –
provocou Celes.
– Há! Que truque baixo! Adorei! Muito bem, eu os
ajudo! – Então jogou a moeda para Edgar, que a pegou no ar, e continuou – Eu os
levo até Vector, mas depois estão por sua conta!
*****
A aeronave tinha um formato de barco, seu convés
era muito amplo bem como seu interior, que contava com diversos quartos, a sala
de máquinas e, claro, a sala de jogos.
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Créditos da imagem: Orioto |
Celes estava em seu quarto enquanto os outros
estavam no convés. Setzer, estava ao leme, localizado na proa do barco, Nash e
Locke próximos a ele, e Edgar estava mais à popa olhando o mar abaixo.
– Essa coisa voa afinal! – provocou Locke – Não tem
perigo de cairmos?
– O nome é Blackjack! – gritou o jogador
prontamente – E se cairmos é porque a sorte queria assim.
A noite se aproximava.
Edgar estava com seus cotovelos apoiados na amurada
do navio voador, sentia o vento em seu rosto enquanto olhava o oceano abaixo
deles. "Esta máquina é mesmo veloz", pensou consigo.
– Mano?
A voz de seu irmão o fez lembrar o jeito que ele o
havia olhado quando Setzer descobrira que sua moeda havia duas faces. Acenou
com a cabeça e seu irmão se posicionou ao seu lado.
– Aquela moeda... – Nash parecia confuso – ...foi a
mesma moeda de dez anos atrás?
Edgar sorriu sem graça, confirmando a teoria do
irmão.
– Porque? – perguntou Nash.
– Não era justo eu tirar sua liberdade tão desejada
– afirmou o rei.
– Mas... e a sua? Você a ansiava tanto quanto eu.
– Eu não achei justo tirá-la de ti. Você tinha
tantos planos, tantas ambições... Achei justo que a ganha-se.
– Ganhei-a ao preço da sua liberdade?
– Ganhou-a pois julguei que sua necessidade era
mais sincera – disse com um sorriso sem jeito – Essa coisa vai ser facilmente
vista de Vector. E melhor aterrissarmos a uma certa distância.
– Certo! – concordou o irmão, percebendo que Edgar
queria deixar aquela conversa.
Setzer pousou a nave próximo a cidade de Albrook,
uma cidade litorânea ao sul do continente onde ficava Vector, a capital do
império.
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