02. O Ladino e o Rei
Batidas à porta. A mesma porta que minutos atrás
serviu para que Tina fugisse da casa que a acolhera.
Quando o homem abriu-a viu um rapaz parado com um
sorriso no rosto.
Já era noite em Narshe.
– Quanto tempo! – disse o homem com um largo
sorriso no rosto. – Como vai essa sua vida de pilhagens e roubos?
– Eu prefiro o termo caçador de tesouros! – disse o
jovem com convicção apertando o nó do lenço amarrado à sua cabeça com as duas
mãos.
– Haha! Ah, Locke, você sabe que isso é apenas uma
mera diferença semântica!
– Não! É completamente diferente Arvis! – se
defendeu. – Mas, diga, o que queria de mim?
– Quero que conheça uma moça...
– Isso tem alguma coisa a ver com aquela bruxa do
império? – interrompeu com ansiedade.
O homem confirmou com a cabeça.
– Neste momento ela está sendo perseguida por
guardas nas minas – disse com preocupação. – Graças a Figaro, os homens do
império não causam problemas por aqui, mas só seremos autônomos deles se nos
juntarmos aos Restauradores!
Após um momento prosseguiu.
– Aquela moça não foi responsável pelas suas ações.
E ela seria uma grande ajuda...
– Ok! Vou ver o que posso fazer.
– Assim que se fala! Quando encontrá-la, leve-a a
Figaro e apresente-a ao rei.
Após isso Locke se despede do homem e ruma as minas
para procurar a “bruxa”.
*****
Percorrendo as minas que ele já conhecia por suas
“buscas”, encontrou o buraco no chão, olhando por ele avistou a moça caída no
túnel mais abaixo.
Rapidamente amarrou firmemente uma corda a uma
rocha próxima e desceu aterrissando ao lado dela, quando abaixava-se para
checar o estado da moça ouviu os guardas chegando mais a frente.
– Não tem por onde fugir!
“Maravilha! Só isso que me faltava!”, pensou ao ver
a quantidade de guardas que seguia o primeiro.
– Kupo...
Ao ouvir o som virou-se e avistou dois moogles
adiantarem-se para próximo da moça inconsciente.
– Moogles! Vieram nos ajudar?
Moogles são criaturas que habitam algumas cavernas
de Narshe, têm pelos brancos, asas rosas semelhantes as de morcegos e antenas
sobre as cabeças. São exímios dançarinos, diga-se de passagem.
Acenaram com a cabeça.
– Agora poderemos dar conta dos guardas! – disse
Locke – Vamos!
Fizeram um círculo protegendo Tina que ainda estava
inconsciente. Os guardas avançaram sob as ordens do primeiro que deveria ser o
líder deles. Um a um os guardas foram derrotados. Durante a batalha dos moogles
com o último guarda, Locke se distanciou sorrateiramente e surgiu atrás do
líder deles pressionando sua adaga contra seu pescoço.
– Mais um movimento e já sabe o seu destino. Largue
as armas.
Após o guarda jogar suas armas ao chão. Locke o
golpeou deixando-o inconsciente.
Finalizada a batalha Locke agradeceu às pequenas
criaturas e, carregando a moça nos braços, levou-a através dos túneis
iluminados por tochas até a saída que lhe era tão familiar.
Colocou a moça no chão e agachado ao lado dela
observou-a por um instante.
Então dirigiu-se a uma parede e puxou uma alavanca
que era imperceptível para quem não procura-se por ela.
Com um estrondo uma rocha se moveu atrás de si
revelando assim uma entrada oculta.
Um vento frio invadiu a mina acordando a moça que
jazia no chão.
– Já acordou?
– Você... me salvou?
– É... não exatamente. Se não fossem os moogles já
estaríamos mortos!
– Ugh... – gemeu a moça – Não me lembro de nada...
Espantado Locke exclamou.
– Amnésia?
– Um senhor me disse que minha memória voltaria aos
poucos...
– Não se preocupe! Eu a protegerei até que sua
memória volte! – exclamou o aventureiro. – Não se esqueça desta passagem, um
dia poderá lhe ser útil!
Partiram os dois rumo a Figaro, o reino do deserto.
*****
– Vê? – disse Locke apontando para um castelo no
meio do deserto. – Falta pouco para chegarmos ao castelo de Figaro.
Haviam andado meio dia, o sol já estava alto quando
alcançaram um terreno mais arenoso e o ar ficava mais seco.
– Um castelo? No meio de toda essa areia? –
perguntou Tina
– O rei de Figaro é um amante da tecnologia, por
isso o castelo de Figaro é um dos mais avançados neste quesito.
Avançaram por mais algumas horas pelo deserto
escaldante e, ao se aproximarem do castelo, ouviram um dos guardas que
permanecia junto ao portão principal!
– Alto!
Locke deu mais alguns passos a frente e retirou o
lenço que cobria seu rosto.
– Ah! É você! Entre!
Tina olhou para Locke com uma cara de espanto,
Locke deu-lhe uma piscadela e sorrindo fez sinal para que o segui-se.
De fato o castelo era muito grande, contava com um
grande pátio após o hall principal. Atravessando o pátio chegaram a uma grande
porta, não muito luxuosa, porém, diferente das demais.
Forçando-a Locke conseguiu abri-la revelando uma
grande sala repleta de armaduras montadas e um grande tapete vermelho que
levava a outra porta mais reforçada.
Atravessaram a sala e adentraram à sala real. Ao
fundo haviam dois tronos, um deles ocupado por um homem loiro, vestido com
trajes nobres e uma fisionomia jovial.
Locke se aproximou do homem e acenou com a cabeça.
– Então esta moça é a tal bruxa? – disse o homem
levantando-se.
Se aproximou dela, olhou-a da cabeça aos pés e
voltou para o trono.
– E... quem é você? – Tina perguntou, não gostando
do gesto do homem.
– Oh... mil perdões! Quão rude da minha parte não
me apresentar a uma dama tão bela!
Aproximou-se novamente segurou a mão da moça e
beijando-a, disse:
– Meu nome é Edgar, sou o rei de Figaro.
– Surpreendida por eu conhecer um rei? – disse
Locke com um sorriso no rosto. – Depois nos falamos, completou, se retirando do
salão.
Seguindo o caminho do outro, Edgar virou-se
novamente para Tina, dizendo:
– Faz parte do Império não é? Não fique com medo,
Figaro é aliado do Império. Enquanto estiver aqui pode ficar tranquila, eu
nunca faria mal a uma dama! Preciso resolver algumas pendências. Por favor,
sinta-se a vontade para passear pelo castelo, informarei aos guardas para que
não a perturbem.
– Olha... – iniciou a moça confusa – porque está
fazendo tudo isso por mim? É por causa das minhas... habilidades?
– Tenho 3 motivos! Primeiro, fiquei cativado por
sua beleza! Segundo, desejo saber se é o meu tipo de mulher...
Caminhou mais alguns passos e completou.
– Suas habilidades... seriam um distante terceiro.
Após um curto silêncio Tina disse:
– Está me cantando?
Desanimado abaixou a cabeça resmungando.
– Parece que estou ficando meio enferrujado... –
cabisbaixo atravessou a porta, saindo da sala.
“Acho que uma moça normal iria achá-lo fabuloso,
mas sou tudo, menos normal”, pensou Tina.
Decidiu explorar o castelo daquele que diziam ser o
mais avançado dos reinos.
Caminhou pelo pátio, visitou, na ala leste, a
biblioteca, onde haviam dois velhos estudiosos que discutiam sobre magia. “Nada
muito interessante” – pensou ela.
Atravessou novamente o pátio chegando à ala oeste,
onde havia um dormitório com várias camas e duas criadas pouco mais velhas que
Tina, arrumando tudo.
– Quer descansar um pouco? – indagou simpaticamente
uma delas, enquanto arrumava uma das camas.
– Não, muito obrigada.
– Apesar de Edgar encher todas as mulheres de
elogios, a maioria delas são inteligentes e não lhe dão atenção.
– Ele já tentou a sorte até com a Madre! – a outra
que arrumava a mesa comentou. – Tenho certeza que também já te cantou, não é? –
Tina não conseguiu dizer nada, porém tinha certeza que o rubor tomara sua face
enquanto as duas riam.
– Não ligue para isto, fique a vontade, caso queira
descansar um pouco.
Tina deixou o quarto sem entender ao certo o que
elas queriam dizer com aquilo.
Continuou avançando pelos corredores e escadarias,
quando adentrou a um quarto onde uma menininha estava correndo e dizendo:
– O rei disse que vai se casar comigo quando eu
crescer!
Tina sorriu e avistou uma senhora que estava ao
lado de uma cama. “Deve ser a governanta”, pensou consigo.
– Esse é o quarto do rei. Sabia que Edgar tem um
irmão gêmeo? Ele era um rapaz tão simpático... – seu olhar era de saudosismo.
Estava envolta em lembranças...
Ela estava sentada a uma mesa no fundo da
biblioteca enquanto o jovem Edgar estava procurando alguns livros na
prateleira. O jovem Nash entrou e, localizando o irmão, perguntou:
– Mano... O que se passa com o pai? E que papo é
esse de sucessão? – perguntou o jovem a Edgar.
– Não vê? Não percebeu como ele emagreceu?
– O que está acontecendo?
Edgar lhe virou as costas deixando a sala.
– Lágrimas?
– Nash... ele era tão parecido com o pai... – a
velha disse com olhar perdido. – Isso faz tanto tempo, quando fugiu era uma
criança tão simpática... Onde andará agora?
A velha parecia não notar mais a moça ao seu lado e
Tina não querendo incomodar retirou-se.
Voltando à sala do rei, ouvia os guardas comentando
sobre o império e a conquista de todas as cidades do continente sul.
– É questão de tempo até chegarem aqui! – disse um
dos guardas em tom mais exaltado.
Ao perceberem a presença de Tina, o assunto mudou.
Agora Tina estava um pouco desconfiada com tudo
aquilo “O que temem se são aliados do império?”
Ao entrar na ante sala real um homem com trajes
suntuosos fez uma reverência e se apresentou.
– Olá, sou o ministro de Figaro.
– Olá – respondeu a moça.
– Estou neste castelo desde a sucessão –
contou-lhe. – O estresse da sucessão cansou tanto o príncipe Nash que ele
abandonou o castelo para sempre. A sucessão foi estabelecida com uma moeda.
Fique a vontade enquanto estiver aqui!
Com outra reverência se despediu.
Ao entrar na sala real, Edgar disse:
– O que achou do meu castelo?
– MAJESTADE! Um enviado do império se aproxima! –
berrou um guarda irrompendo sala adentro.
– Deve ser o Kefka – disse o rei com tom sério.
*****
– Maldito Edgar! Tem que viver no meio do nada?
Essas missões de reconhecimento são foda!
Kefka estava acompanhado de dois soldados em
direção ao castelo de Figaro.
– General Kefka? – disse um dos guardas do castelo
– O que...
– Saia da frente! – Com um forte empurrão abriu
caminho e avançou.
No pátio do castelo o rei aguardava.
– Que motivo traz Kefka, humilde servo do imperador
Gestahl, a nossa indigna presença? – disse Edgar com ironia.
– Uma moça sem importância fugiu de nós, ouvi dizer
que ela estava aqui...
– Hmm... Isso tem alguma coisa a ver com esse rumor
da “bruxa” que se ouve por aí?
– Não! Tudo isso é mentira! Ela roubou umas...
coisinhas! Ela está aqui?
– Vish! Há mais mulheres por aqui do que areia lá
fora no deserto! Eu não dou conta de todas elas!
– Odiaria estar nas suas botas caso estiver
mentindo... – ameaçou enquanto se retirava. – Espero que nada aconteça ao seu
precioso castelo...
Fez sinal aos soldados para que o seguissem e
retirou-se.
Edgar voltou-se para Locke que acompanhava tudo.
– Aquele cara tem um parafuso a menos – disse
Locke.
– Onde está Tina?
Tina saiu da sala real.
– Leve-a para o quarto dela – pediu ao amigo.
Voltando-se para a moça disse. – Adoraria conversar mais, porém eu e o ministro
temos de planejar uma estratégia. Às vezes odeio ser rei! Com licença... –
completou, se retirando para a sala.
– Siga-me! – disse Locke.
Locke e Tina atravessaram a biblioteca e alcançaram
o quarto de Tina.
– Não se preocupe eu vou te...
– Locke, não é? – interrompeu Tina – É um ladrão?
– Caçador de tesouros! – respondeu desanimado e,
rapidamente, mudou de assunto. – De qualquer forma, à primeira vista pode
parecer que Edgar ajuda o império. Mas na verdade, ele colabora com os
Restauradores, rebeldes contra o império e eu sou o contato dele com eles... O
homem que te ajudou em Narshe também é um dos nossos.
– Mas... eu faço parte do império.
– Não! Eles estavam te usando! Mas agora as coisas
mudaram!
– Não entendo... O que vou fazer?
– Não sei, mas precisa decidir já! Encontre o seu
caminho... – dizendo isso se retirou.
– E como vou saber se esse caminho é o certo? –
comentou para si mesma, agora sozinha no quarto.
*****
“Fumaça?”
O jovem rei de Fígaro levantou-se de sua cama,
estranhando o cheiro que adentrava pela janela.
– Mas...
Saiu apressadamente de seu quarto rumando ao pátio
do castelo.
Quando chegou ao pátio, o caos reinava, guardas
corriam tentando apagar as chamas que consumiam as torres e portas do castelo.
– O que está acontecendo? – perguntou a um dos
guardas.
– É o império! – respondeu afobadamente o guarda. –
Kefka retornou!
Surgindo do portão principal Kefka e seus soldados
alcançaram Edgar.
– Mas que raios pensa que está fazendo? – perguntou
zangado ao general do império.
– A moça! Agora!
– Já disse que não sei nada sobre essa bruxa!
– Se é assim, bem vindo ao meu inferno! – disse
Kefka rindo insanamente.
O rei, ignorando a insanidade de Kefka, rumou para
a porta da sala real, onde um guarda aguardava.
– Tem que ser agora... – sussurrou o rei.
– Sim senhor! – respondeu o guarda entrando na sala
do trono.
– Mudou de idéia? – Kefka estava atrás do rei.
– É... acho que não tenho saída... – disse o rei
rumando para a esquerda, alcançando assim o parapeito do castelo, subiu e pulou
muralha abaixo.
Kefka se adiantou para a beirada não acreditando na
atitude de Edgar. Olhando para baixo viu o rei montado em um chocobo seguido
por mais dois deles.
– Ou talvez tenha! – gritou triunfante Edgar
avançando com sua montaria.
– Que vergonha! – gritou o general satisfeito. – O
rei foge e deixa seu povo a mercê da destruição! Vergonhosamente delicioso!
O rei contornou o castelo e então, da ala leste,
pularam Locke e Tina nos chocobos que o seguiam e rumaram para o portão
principal, o qual Kefka acabara de alcançar e onde aguardavam dois soldados com
armaduras Magitek, provavelmente os responsáveis pelo estrago ao castelo.
– Agora! – gritou o rei para o ministro que estava
no topo da torre.
O ministro apressadamente entrou.
– Vamos! – disse Locke!
Avançaram e a uma certa distância, ouviram um
grande estrondo. Tina e Locke olharam para trás assustados e o que viram fez
com que Tina entende-se o porquê de Figaro ter a fama de dominar a tecnologia.
O castelo começou a penetrar na areia. Kefka
desesperado correu o máximo que pode para não ser tragado pela fenda na qual o
castelo penetrava. Após se recompor do assombro causado por ver um castelo todo
sumir da sua frente, ordenou furiosamente aos soldados para que atacassem os
três fugitivos.
Créditos da imagem: rinoadangel |
Graças a suas armaduras rapidamente os soldados
alcançaram os três e se iniciou a batalha. Edgar sacou sua besta e com um tiro
certeiro deu fim ao soldado que perseguia Locke e ele. Tina, que estava um
pouco mais distante, vendo-se acuada, juntou suas mãos e se concentrou. Uma luz
alaranjada surgiu entre elas e rapidamente ela atirou uma bola de fogo contra o
outro soldado. Enquanto tentava
desesperadamente abandonar a armadura, foi arremessado quando ela
explodiu ao ser atingido pela magia. Pelo desespero demonstrado, certamente
havia presenciado a cena em que, sob domínio da tiara, Tina havia derrotado
vários soldados Magitek.
Edgar desmontava de seu chocobo boquiaberto.
– Edgar, qual é o problema? – perguntou Locke. –
Você parece assustado!
– Você viu o que eu vi?
– Sim… ela está sempre pronta para a batalha!
– Ela é espetacular! Isso foi magia!
– M… magia? Ela usou magia?
Nesse momento a moça se aproximava com sua montaria
e percebeu um misto de medo e espanto nas palavras de Locke.
– Tina... em que lugar da terra você aprendeu isso?
– perguntou maravilhado Edgar.
– Desculpe, eu… – a moça parecia desconfortável,
como se tivesse feito algo errado.
– Olhe, eu não quis soar como se você tivesse feito
algo estranho... – comentou Locke.
– Nem eu... É que eu nunca tinha visto mágica
antes! Onde você...
Notando o desconforto da moça e se arrependendo da
enxurrada de comentários que ambos estava fazendo, Locke decidiu encerrar
aquilo.
– Edgar, Tina pode usar magia e nós não. Essa é a
única diferença entre nós. O fato é que nos podemos precisar da ajuda dela!
– Obrigada Locke! Obrigada Edgar! – então deu-lhes
uma piscada.
Ambos ficaram abobados com a beleza da jovem.
Quando se deram conta, o soldado que escapou da
magia de Tina havia montado na armadura do primeiro soldado e partia novamente
para cima dos três. Furtivamente Locke contornou a armadura e, escalando-a
pelas costas, cortou com sua faca alguns tubos e fios e correu para longe
advertindo os companheiros a tomarem distância.
O soldado tentou desesperadamente deixar a armadura
porém, sem tempo suficiente, explodiu
junto com a armadura.
– Bravo Figaro! – bradou o rei não podendo conter
sua satisfação.
Os três tomaram seus chocobos novamente e partiram
para sudeste.
Batidas à porta. A mesma porta que minutos atrás serviu para que Tina fugisse da casa que a acolhera.
Quando o homem
abriu-a viu um rapaz parado com um sorriso no rosto.
Já era noite em
Narshe.
– Quanto tempo!
– disse o homem com um largo sorriso no rosto. – Como vai essa sua vida de
pilhagens e roubos?
– Eu prefiro o
termo caçador de tesouros! – disse o jovem com convicção apertando o nó do
lenço amarrado à sua cabeça com as duas mãos.
– Haha! Ah,
Locke, você sabe que isso é apenas uma mera diferença semântica!
– Não! É
completamente diferente! – se defendeu. – Mas, diga, o que queria de mim?
– Quero que
conheça uma moça...
– Isso tem
alguma coisa a ver com aquela bruxa do império? – interrompeu com ansiedade.
O homem
confirmou com a cabeça.
– Neste momento
ela está sendo perseguida por guardas nas minas – disse com preocupação. –
Graças a Figaro, os homens do império não causam problemas por aqui, mas só
seremos autônomos deles se nos juntarmos aos Restauradores!
Após um momento
prosseguiu.
– Aquela moça
não foi responsável pelas suas ações. E ela seria uma grande ajuda...
– Ok! Vou ver o
que posso fazer.
– Assim que se
fala! Quando encontrá-la, leve-a a Figaro e apresente-a ao rei.
Após isso Locke
se despede do homem e ruma as minas para procurar a “bruxa”.
*****
Percorrendo as
minas que ele já conhecia por suas “buscas”, encontrou o buraco no chão,
olhando por ele avistou a moça caída no túnel mais abaixo.
Rapidamente amarrou
firmemente uma corda a uma rocha próxima e desceu aterrissando ao lado dela,
quando abaixava-se para checar o estado da moça ouviu os guardas chegando mais
a frente.
– Não tem por
onde fugir!
“Maravilha! Só
isso que me faltava!”, pensou ao ver a quantidade de guardas que seguia o
primeiro.
– Kupo...
Ao ouvir o som
virou-se e avistou dois moogles adiantarem-se para próximo da moça
inconsciente.
– Moogles!
Vieram nos ajudar?
Moogles são
criaturas que habitam algumas cavernas de Narshe, têm pelos brancos, asas rosas
semelhantes as de morcegos e antenas sobre as cabeças. São exímios dançarinos,
diga-se de passagem.
Acenaram com a
cabeça.
– Agora
poderemos dar conta dos guardas! – disse Locke – Vamos!
Fizeram um
círculo protegendo Tina que ainda estava inconsciente. Os guardas avançaram sob
as ordens do primeiro que deveria ser o líder deles. Um a um os guardas foram
derrotados. Durante a batalha dos moogles com o último guarda, Locke se
distanciou sorrateiramente e surgiu atrás do líder deles pressionando sua adaga
contra seu pescoço.
– Mais um
movimento e já sabe o seu destino. Largue as armas.
Após o guarda
jogar suas armas ao chão. Locke o golpeou deixando-o inconsciente.
Finalizada a
batalha Locke agradeceu às pequenas criaturas e, carregando a moça nos braços,
levou-a através dos túneis iluminados por tochas até a saída que lhe era tão
familiar.
Colocou a moça
no chão e agachado ao lado dela observou-a por um instante.
Então dirigiu-se
a uma parede e puxou uma alavanca que era imperceptível para quem não
procura-se por ela.
Com um estrondo
uma rocha se moveu atrás de si revelando assim uma entrada oculta.
Um vento frio
invadiu a mina acordando a moça que jazia no chão.
– Já acordou?
– Você... me salvou?
– É... não
exatamente. Se não fossem os moogles já estaríamos mortos!
– Ugh... – gemeu
a moça – Não me lembro de nada...
Espantado Locke
exclamou.
– Amnésia?
– Um senhor me
disse que minha memória voltaria aos poucos...
– Não se
preocupe! Eu a protegerei até que sua memória volte! – exclamou o aventureiro. –
Não se esqueça desta passagem, um dia poderá lhe ser útil!
Partiram os dois
rumo a Figaro, o reino do deserto.
*****
– Vê? – disse
Locke apontando para um castelo no meio do deserto. – Falta pouco para chegarmos
ao castelo de Figaro.
Haviam andado
meio dia, o sol já estava alto quando alcançaram um terreno mais arenoso e o ar
ficava mais seco.
– Um castelo? No
meio de toda essa areia? – perguntou Tina
– O rei de
Figaro é um amante da tecnologia, por isso o castelo de Figaro é um dos mais
avançados neste quesito.
Avançaram por
mais algumas horas pelo deserto escaldante e, ao se aproximarem do castelo,
ouviram um dos guardas que permanecia junto ao portão principal!
– Alto!
Locke deu mais
alguns passos a frente e retirou o lenço que cobria seu rosto.
– Ah! É você!
Entre!
Tina olhou para
Locke com uma cara de espanto, Locke deu-lhe uma piscadela e sorrindo fez sinal
para que o segui-se.
De fato o
castelo era muito grande, contava com um grande pátio após o hall principal.
Atravessando o pátio chegaram a uma grande porta, não muito luxuosa, porém,
diferente das demais.
Forçando-a Locke
conseguiu abri-la revelando uma grande sala repleta de armaduras montadas e um
grande tapete vermelho que levava a outra porta mais reforçada.
Atravessaram a
sala e adentraram à sala real. Ao fundo haviam dois tronos, um deles ocupado
por um homem loiro, vestido com trajes nobres e uma fisionomia jovial.
Locke se
aproximou do homem e acenou com a cabeça.
– Então esta
moça é a tal bruxa? – disse o homem levantando-se.
Se aproximou
dela, olhou-a da cabeça aos pés e voltou para o trono.
– E... quem é
você? – Tina perguntou, não gostando do gesto do homem.
– Oh... mil
perdões! Quão rude da minha parte não me apresentar a uma dama tão bela!
Aproximou-se
novamente segurou a mão da moça e beijando-a, disse:
– Meu nome é
Edgar, sou o rei de Figaro.
– Surpreendida
por eu conhecer um rei? – disse Locke com um sorriso no rosto. – Depois nos
falamos, completou, se retirando do salão.
Seguindo o
caminho do outro, Edgar virou-se novamente para Tina, dizendo:
– Faz parte do
Império não é? Não fique com medo, Figaro é aliado do Império. Enquanto estiver
aqui pode ficar tranquila, eu nunca faria mal a uma dama! Preciso resolver
algumas pendências. Por favor, sinta-se a vontade para passear pelo castelo,
informarei aos guardas para que não a perturbem.
– Olha... –
iniciou a moça confusa – porque está fazendo tudo isso por mim? É por causa das
minhas... habilidades?
– Tenho 3
motivos! Primeiro, fiquei cativado por sua beleza! Segundo, desejo saber se é o
meu tipo de mulher...
Caminhou mais
alguns passos e completou.
– Suas
habilidades... seriam um distante terceiro.
Após um curto
silêncio Tina disse:
– Está me
cantando?
Desanimado
abaixou a cabeça resmungando.
– Parece que
estou ficando meio enferrujado... – cabisbaixo atravessou a porta, saindo da
sala.
“Acho que uma
moça normal iria achá-lo fabuloso, mas sou tudo, menos normal”, pensou Tina.
Decidiu explorar
o castelo daquele que diziam ser o mais avançado dos reinos.
Caminhou pelo
pátio, visitou, na ala leste, a biblioteca, onde haviam dois velhos estudiosos
que discutiam sobre magia. “Nada muito interessante” – pensou ela.
Atravessou
novamente o pátio chegando à ala oeste, onde havia um dormitório com várias
camas e duas criadas pouco mais velhas que Tina, arrumando tudo.
– Quer descansar
um pouco? – indagou simpaticamente uma delas, enquanto arrumava uma das camas.
– Não, muito
obrigada.
– Apesar de
Edgar encher todas as mulheres de elogios, a maioria delas são inteligentes e
não lhe dão atenção.
– Ele já tentou
a sorte até com a Madre! – a outra que arrumava a mesa comentou. – Tenho certeza
que também já te cantou, não é? – Tina não conseguiu dizer nada, porém tinha
certeza que o rubor tomara sua face enquanto as duas riam.
– Não ligue para
isto, fique a vontade, caso queira descansar um pouco.
Tina deixou o
quarto sem entender ao certo o que elas queriam dizer com aquilo.
Continuou
avançando pelos corredores e escadarias, quando adentrou a um quarto onde uma
menininha estava correndo e dizendo:
– O rei disse
que vai se casar comigo quando eu crescer!
Tina sorriu e
avistou uma senhora que estava ao lado de uma cama. “Deve ser a governanta”,
pensou consigo.
– Esse é o
quarto do rei. Sabia que Edgar tem um irmão gêmeo? Ele era um rapaz tão
simpático... – seu olhar era de saudosismo.
Estava envolta
em lembranças...
Ela estava sentada a uma mesa no fundo da biblioteca
enquanto o jovem Edgar estava procurando alguns livros na prateleira. O jovem
Nash entrou e, localizando o irmão, perguntou:
– Mano... O que se passa com o pai? E que papo é
esse de sucessão? – perguntou o jovem a Edgar.
– Não vê? Não percebeu como ele emagreceu?
– O que está acontecendo?
Edgar lhe virou as costas deixando a sala.
– Lágrimas?
– Nash... ele
era tão parecido com o pai... – a velha disse com olhar perdido. – Isso faz
tanto tempo, quando fugiu era uma criança tão simpática... Onde andará agora?
A velha parecia
não notar mais a moça ao seu lado e Tina não querendo incomodar retirou-se.
Voltando à sala
do rei, ouvia os guardas comentando sobre o império e a conquista de todas as
cidades do continente sul.
– É questão de
tempo até chegarem aqui! – disse um dos guardas em tom mais exaltado.
Ao perceberem a
presença de Tina, o assunto mudou.
Agora Tina
estava um pouco desconfiada com tudo aquilo “O que temem se são aliados do
império?”
Ao entrar na
ante sala real um homem com trajes suntuosos fez uma reverência e se
apresentou.
– Olá, sou o
ministro de Figaro.
– Olá –
respondeu a moça.
– Estou neste
castelo desde a sucessão – contou-lhe. – O estresse da sucessão cansou tanto o
príncipe Nash que ele abandonou o castelo para sempre. A sucessão foi estabelecida
com uma moeda. Fique a vontade enquanto estiver aqui!
Com outra
reverência se despediu.
Ao entrar na
sala real, Edgar disse:
– O que achou do
meu castelo?
– SENHOR EDGAR!
Um enviado do império se aproxima! – berrou um guarda irrompendo sala adentro.
– Deve ser o
Kefka – disse o rei com tom sério.
*****
– Maldito Edgar!
Tem que viver no meio do nada? Essas missões de reconhecimento são foda!
Kefka estava
acompanhado de dois soldados em direção ao castelo de Figaro.
– General Kefka?
– disse um dos guardas do castelo – O que...
– Saia da
frente! – Com um forte empurrão abriu caminho e avançou.
No pátio do
castelo o rei aguardava.
– Que motivo
traz Kefka, humilde servo do imperador Gestahl, a nossa indigna presença? –
disse Edgar com ironia.
– Uma moça sem
importância fugiu de nós, ouvi dizer que ela estava aqui...
– Hmm... Isso
tem alguma coisa a ver com esse rumor da “bruxa” que se ouve por aí?
– Não! Tudo isso
é mentira! Ela roubou umas... coisinhas! Ela está aqui?
– Vish! Há mais mulheres
por aqui do que areia lá fora no deserto! Eu não dou conta de todas elas!
– Odiaria estar
nas suas botas caso estiver mentindo... – ameaçou enquanto se retirava. – Espero
que nada aconteça ao seu precioso castelo...
Fez sinal aos
soldados para que o seguissem e retirou-se.
Edgar voltou-se
para Locke que acompanhava tudo.
– Aquele cara
tem um parafuso a menos – disse Locke.
– Onde está
Tina?
Tina saiu da
sala real.
– Leve-a para o
quarto dela – pediu ao amigo. Voltando-se para a moça disse. – Adoraria conversar
mais, porém eu e o ministro temos de planejar uma estratégia. Às vezes odeio
ser rei! Com licença... – completou, se retirando para a sala.
– Siga-me! –
disse Locke.
Locke e Tina atravessaram
a biblioteca e alcançaram o quarto de Tina.
– Não se
preocupe eu vou te...
– Locke, não é?
– interrompeu Tina – É um ladrão?
– Caçador de
tesouros! – respondeu desanimado e, rapidamente, mudou de assunto. – De qualquer
forma, à primeira vista pode parecer que Edgar ajuda o império. Mas na verdade,
ele colabora com os Restauradores, rebeldes contra o império e eu sou o contato
dele com eles... O homem que te ajudou em Narshe também é um dos nossos.
– Mas... eu faço
parte do império.
– Não! Eles
estavam te usando! Mas agora as coisas mudaram!
– Não entendo...
O que vou fazer?
– Não sei, mas precisa
decidir já! Encontre o seu caminho... – dizendo isso se retirou.
– E como vou
saber se esse caminho é o certo? – comentou para si mesma, agora sozinha no
quarto.
*****
“Fumaça?”
O jovem rei de
Fígaro levantou-se de sua cama, estranhando o cheiro que adentrava pela janela.
– Mas...
Saiu
apressadamente de seu quarto rumando ao pátio do castelo.
Quando chegou ao
pátio, o caos reinava, guardas corriam tentando apagar as chamas que consumiam
as torres e portas do castelo.
– O que está
acontecendo? – perguntou a um dos guardas.
– É o império! –
respondeu afobadamente o guarda. – Kefka retornou!
Surgindo do
portão principal Kefka e seus soldados alcançaram Edgar.
– Mas que raios
pensa que está fazendo? – perguntou zangado ao general do império.
– A moça! Agora!
– Já disse que
não sei nada sobre essa bruxa!
– Se é assim,
bem vindo ao meu inferno! – disse Kefka rindo insanamente.
O rei, ignorando
a insanidade de Kefka, rumou para a porta da sala real, onde um guarda
aguardava.
– Tem que ser
agora... – sussurrou o rei.
– Sim senhor! –
respondeu o guarda entrando na sala do trono.
– Mudou de
idéia? – Kefka estava atrás do rei.
– É... acho que
não tenho saída... – disse o rei rumando para a esquerda, alcançando assim o
parapeito do castelo, subiu e pulou muralha abaixo.
Kefka se
adiantou para a beirada não acreditando na atitude de Edgar. Olhando para baixo
viu o rei montado em um chocobo seguido por mais dois deles.
– Ou talvez
tenha! – gritou triunfante Edgar avançando com sua montaria.
– Que vergonha! –
gritou o general satisfeito. – O rei foge e deixa seu povo a mercê da
destruição! Vergonhosamente delicioso!
O rei contornou
o castelo e então, da ala leste, pularam Locke e Tina nos chocobos que o
seguiam e rumaram para o portão principal, o qual Kefka acabara de alcançar e
onde aguardavam dois soldados com armaduras Magitek, provavelmente os
responsáveis pelo estrago ao castelo.
– Agora! –
gritou o rei para o ministro que estava no topo da torre.
O ministro
apressadamente entrou.
– Vamos! – disse
Locke!
Avançaram e a
uma certa distância, ouviram um grande estrondo. Tina e Locke olharam para trás
assustados e o que viram fez com que Tina entende-se o porquê de Figaro ter a
fama de dominar a tecnologia.
O castelo
começou a penetrar na areia. Kefka desesperado correu o máximo que pode para
não ser tragado pela fenda na qual o castelo penetrava. Após se recompor do
assombro causado por ver um castelo todo sumir da sua frente, ordenou
furiosamente aos soldados para que atacassem os três fugitivos.
Graças a suas armaduras rapidamente os soldados alcançaram os três e se iniciou a batalha. Edgar sacou sua besta e com um tiro certeiro deu fim ao soldado que perseguia Locke e ele. Tina, que estava um pouco mais distante, vendo-se acuada, juntou suas mãos e se concentrou. Uma luz alaranjada surgiu entre elas e rapidamente ela atirou uma bola de fogo contra o outro soldado. Enquanto tentava desesperadamente abandonar a armadura, foi arremessado quando ela explodiu ao ser atingido pela magia. Pelo desespero demonstrado, certamente havia presenciado a cena em que, sob domínio da tiara, Tina havia derrotado vários soldados Magitek.
Edgar desmontava
de seu chocobo boquiaberto.
– Edgar, qual é
o problema? – perguntou Locke. – Você parece assustado!
– Você viu o que
eu vi?
– Sim… ela está
sempre pronta para a batalha!
– Ela é
espetacular! Isso foi magia!
– M… magia? Ela
usou magia?
Nesse momento a
moça se aproximava com sua montaria e percebeu um misto de medo e espanto nas
palavras de Locke.
– Tina... em que
lugar da terra você aprendeu isso? – perguntou maravilhado Edgar.
– Desculpe, eu…
– a moça parecia desconfortável, como se tivesse feito algo errado.
– Olhe, eu não
quis soar como se você tivesse feito algo estranho... – comentou Locke.
– Nem eu... É
que eu nunca tinha visto mágica antes! Onde você...
Notando o
desconforto da moça e se arrependendo da enxurrada de comentários que ambos
estava fazendo, Locke decidiu encerrar aquilo.
– Edgar, Tina
pode usar magia e nós não. Essa é a única diferença entre nós. O fato é que nos
podemos precisar da ajuda dela!
– Obrigada Locke!
Obrigada Edgar! – então deu-lhes uma piscada.
Ambos ficaram
abobados com a beleza da jovem.
Quando se deram
conta, o soldado que escapou da magia de Tina havia montado na armadura do
primeiro soldado e partia novamente para cima dos três. Furtivamente Locke
contornou a armadura e, escalando-a pelas costas, cortou com sua faca alguns
tubos e fios e correu para longe advertindo os companheiros a tomarem
distância.
O soldado tentou
desesperadamente deixar a armadura porém, sem tempo suficiente, explodiu junto com a armadura.
– Bravo Figaro!
– bradou o rei não podendo conter sua satisfação.
Os três tomaram seus chocobos novamente e
partiram para sudeste.
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