04. Os restauradores
Já era fim do dia quando chegaram ao quartel
general dos restauradores, incrustado na base do monte Sabil.
Quando entram no esconderijo um dos restauradores
leva o grupo até Banon, o líder deles.
– Banon! Trouxemos a moça! – disse Edgar.
Banon olhou para Tina.
– Então, esta é a moça que consegue falar com os
espers?
– Espers? – Tina pronunciou baixinho sem entender
nada.
– O império estava controlando-a – completou Edgar.
– Soube que ela matou cinquenta dos melhores
soldados imperiais em alguns minutos!
– É... é mentira! – se defendeu Tina, afastando-se
na tentativa de esconder suas lágrimas.
– Tina... – Locke partiu para o lado dela, tentando
consolá-la.
– Ela não se lembra de nada Banon! – argumentou o
rei.
Banon, percebendo o que causara, disse:
– Conhecem a história da caixa de Pandora? –
enquanto se aproximava da moça. – Quando as pessoas eram puras e inocentes os
deuses mandaram à terra uma mulher, chamada Pandora, que portava uma caixa. Os
deuses a proibiram de abrir a caixa, mas ela, não aguentando a curiosidade, abriu
a caixa, liberando assim todos os males... Inveja, Orgulho, Violência...
Todos prestavam atenção no velho que colocando a
mão no ombro de Tina, continuou:
– Na caixa só sobrou uma coisa... a esperança, que
é sempre a última a desaparecer! A única a permanecer no meio do caos!
Tina secou suas lágrimas.
– Enfrentamos o mal, e você, filha, é a nossa
esperança...
O velho respirou fundo olhando fixamente na moça
que continuava cabisbaixa.
– Bom, vou descansar um pouco! – completou,
retirando-se da sala. – Locke, apresente à nossa convidada um quarto para que
ela possa descansar também.
E assim Locke levou-a para que pudesse descansar.
*****
No dia seguinte Tina acordou, deu uma boa olhada ao
redor de sua cama, no canto do quarto encontrou um Locke pensativo, sentado em
uma cadeira que estava apoiada apenas com os pés traseiros e recostada na
parede.
– Bom dia! – disse ele percebendo que a moça havia
despertado.
– Bom dia. – respondeu – No que está pensando?
– O império fez mal a uma pessoa que me era muito
querida... Por isso me juntei aos restauradores para poder vingar essa pessoa.
– Mas... eu não tenho ninguém importante na minha
vida...
– Mentira! Tem muitas pessoas que estão contando
com você! E para essas pessoas, VOCÊ é importante...
Então se retirou do quarto, deixando-a sozinha.
Tina demorou mais um tempo para sair do quarto,
pensava em tudo o que havia acontecido até o momento.
Quando deixou o quarto, se dirigiu à sala de Banon.
No caminho encontrou Nash.
– Tina... Só posso te dizer que pode confiar no meu
irmão... Mas ai de ti se ele souber que eu te disse isso! – completou com um
sorriso no rosto.
Tina sorrindo continuou para a sala.
A única pessoa que encontrou na sala era Edgar.
– Tina, não vamos te obrigar a nada. Se fizermos
isso não seremos melhor que o império. Banon está lá fora, vá lá, converse com
ele.
Se dirigiu então para a saída do esconderijo.
– E então? Aceita ser a nossa esperança?
Tina, sem jeito, assentiu com a cabeça.
– Sério? – Banon não pode conter seu espanto e
alegria ao ver o gesto da moça.
- Mas... tenho muito medo...
– Não precisa ter medo – disse Banon –, nós a
protegeremos com nossas vidas! Vamos reunir todos! Tenho um plano!
*****
A grande mesa da sala de reuniões estava repleta
quando Banon entrou, se posicionando na cabeceira da mesa.
– Vamos lá! Sabemos que o império usa suas
armaduras de guerra, mas de onde vem todo aquele poder?
– Locke me disse que eles estavam pesquisando os
espers para criar as armaduras! – respondeu Edgar.
– E a confusão em Narshe foi por causa de um esper
também – completou Locke.
– Quer dizer que as armaduras e os espers estão
ligados? – perguntou Tina.
– Só vejo uma coisa em comum entre as armaduras e
os espers... – Banon disse pensativo.
– Esta querendo dizer que... – disse Edgar
assustado.
– Isso mesmo! As armaduras funcionam com magia!
Com isso Banon causou um alvoroço entre os
restauradores.
– Minha avó me contava histórias sobre a Guerra dos
espers e a magia... – comentou Locke.
– Será que a guerra vai se repetir outra vez? –
perguntou Edgar preocupado.
– Não tenho certeza... mas ouvi histórias que era
possível a máquinas e humanos usarem magia drenando-as dos espers...
– Isso explica a semelhança entre o poder das
armaduras e a magia... – lembrou Tina.
– Só podemos lutar contra máquinas mágicas com
magia!
– Ficou louco Edgar? Foi assim que a guerra dos
espers começou! – repreendeu Banon. – É arriscado, mas... e se Tina falasse com
o esper em Narshe? Talvez ele nos ajude.
– Isso não vai ser perigoso? – disse novamente o
rei.
– Não sei. Mas a ajuda de Tina é fundamental.
– Tina... – Locke se aproximou da jovem.
– Eu vou! – disse com certa alegria a moça.
– Que maluquice! Até parece que está gostando da
idéia. – estranhou Nash.
Nesse momento ouviram um barulho na porta da sala e
todos se voltaram para ela.
– O que? O que houve? – perguntou Banon alterado ao
ver um de seus homens sangrando.
– Emergência! Banon... – o homem foi ao chão
exausto.
Todos se aproximaram para acudir o rapaz.
– Figaro Sul...
– O que houve? – Banon abaixou ao lado do homem.
– O império... atacará Figaro... – o rapaz tinha
muita dificuldade em falar. – E depois virão para cá... ugh...
– Repouse agora, cuidaremos de seus ferimentos. –
Banon abriu espaço para que o rapaz recebesse os primeiros socorros.
– Eles já sabem onde estamos! – disse firmemente o
velho. – Temos de agir depressa!
– Locke! – chamou Edgar.
– Já sei! Ir a Figaro Sul atrasar o império, não é?
– Tenho certeza de que não terá problemas! –
terminou o rei. – Boa sorte!
Locke concordou.
Ao sair passou por Tina.
– Tina... Tome cuidado e... não deixe Edgar
arrastar asas para o seu lado, ok?
– Locke!!! – apressou-o Edgar.
Locke saiu apressadamente.
– Mano... quando é que vai crescer? – repreendeu Nash.
O jovem rei riu.
– O que faremos? – perguntou Banon ao rei.
– Vamos pelo rio Lete até Narshe, quero ver esse
tal esper...
– Temos uma jangada atrás do esconderijo, vamos! –
disse Banon.
– Aqui você não está segura, vamos conosco até
Narshe – disse Edgar à Tina. – Você certamente nos ajudará...
– Vamos! Não temos tempo para conversa! – adiantou
Banon. – Cuidem dele! Deem repouso e comida! Este homem nos ajudou muito! –
disse aos seus homens.
*****
Subiram na jangada e seguiram pelas corredeiras do
rio Lete. Após um bom tempo de navegação um polvo de coloração roxa surgiu
diante deles.
![]() |
Créditos da imagem: cowandcheese.blogspot.com |
– Mas o que é isto? – perguntaram quando o polvo
segurou a jangada.
– Nunca se metam com polvos – disse o polvo.
Então com seus tentáculos o polvo atacou o grupo.
Graças as bênçãos de Banon todos se sentiam mais fortes e resistentes. Com sua
técnica especiais de Nash, a magia de Tina e a besta de Edgar, o polvo percebeu
que não teria chance e submergiu.
– Acho que conseguimos – disse Nash na beirada da
jangada procurando o polvo.
– Não baixem a guarda – recomendou Edgar – ele deve
estar se escondendo!
Nesse momento um tentáculo do polvo puxou Tina que
conseguiu se segurar na beirada da jangada.
– Algo agarrou a minha perna!
– Aguente firme Tina! – Edgar segurou seus braços e
puxou-a para o meio da jangada.
– Está tudo bem agora – tentou acalmar Banon.
– Afastem-se! – disse Nash alterado. – Vou acabar
com ele!
– Não Nash!
– Não me impeça mano!
Nash pulou no rio atrás da criatura.
– Ele sempre foi muito cauteloso... – ironizou
Edgar chacoalhando a cabeça negativamente.
– Nash! – gritou Tina.
– Não se preocupe!
– Será que ele está bem, Banon? – perguntou Edgar.
– Você deveria saber melhor do que nós! Daqui a
pouco ele deve aparecer.
Não demorou muito para que Nash emergisse na
superfície do rio.
– Ele parece animado – comentou Edgar.
Nessa altura do rio havia uma bifurcação, a
corredeira era forte. Todos observavam perplexos quando Nash tomou a bifurcação
diferente daquela que a jangada tomava.
– Nash! – gritaram eles, mas já era tarde, o irmão
do rei de Figaro havia tomado um rumo diferente do deles.
Comentários
Postar um comentário